No território periférico a sul da cidade de Viseu, gerou-se nas últimas décadas um sistema híbrido entre cidade e campo. A paisagem gerada a partir de sistemas agrícolas deu lugar a uma outra paisagem mais complexa feita de fragmentos de urbanidade e ruralidade. O edifício que propomos procura lidar com este conjunto de factores condicionantes. Os mais importantes são a presença de um velho cemitério, um complexo militar e uma nova avenida que liga o centro da cidade à periferia.

Os regulamentos municipais em vigor condicionaram a implantação do edifício que se formaliza como um fragmento esculpido pelos constrangimentos. Propõe-se uma plataforma de acerto topográfico que gera um espaço comercial e um jardim público. O volume destinado à habitação pousa neste sistema. As diferentes escalas em presença estimularam ainda a variação do edifício nos seus topos. Expresssão monumental na avenida, doméstico e silencioso para os muros do cemitério. Do exterior o edifício apresenta-se como um bloco perfurado por loggias. A variação destes elementos corresponde à variação tipológica no interior. Os apartamentos foram desenhados com a memória dos velhos apartamentos oitocentistas, onde o corredor e a passagem de espaços para espaços, sem função definida, estruturava um certo tipo de ambiente doméstico que propomos recuperar. O projecto procura gerar novos significados e relações num território que funciona hoje como uma mancha pulverizada por fragmentos.