É objectivo da proposta o respeito pela morfologia da zona, enquadrada numa solução de compromisso entre o existente e o proposto, criando assim uma imagem de continuidade no sentido das fachadas sul (marginal), que hoje não se verifica; como resultado, o projecto possui uma cércea baixa, propondo uma ocupação à volta de pátios semi-enterrados, arborizados, implantados à cota do túnel de acesso à praia. Pretende-se, com a construção do novo edifício, dar um remate ao lote, coerente com as construções envolventes, não deixando como espaço residual toda a parcela existente do referido lote.

A proposta desenvolve-se em dois corpos perpendiculares à linha de mar que por sua vez assentam num outro corpo longitudinal que configura a fachada sul para a marginal e que se formaliza como um corpo semi-enterrado. Um dos pisos de entrada, funciona como espaço inter comunicante entre os espaços de circulação e espaços públicos de convívio, espaços exteriores e espaços de entrada e recepção. Outra possibilidade de entrada funciona à cota da passagem de peões – neste mesmo corpo longitudinal - permitindo assim o acesso directo à praia pelo túnel existente.

O corpo longitudinal que configura a fachada para a marginal será formalizado somente com um piso, para que não exista qualquer prejuízo das vistas da casa existente (desta para o mar e vice-versa), mantendo-a como memória da zona. Pretende-se com este piso não só um equilíbrio de cérceas, pois constitui o primeiro plano da marginal, como também uma maior privacidade em relação ao usufruto dos pátios interiores e também algum resguardo relativamente ao ruído vindo da circulação automóvel da marginal.